quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Nossa História

O universo, o planeta, a Europa, Portugal, Santarém, Fátima, Colégio de São Miguel.
Em comparação com o universo, o nosso adorado colégio é um átomo perdido, uma minúscula partícula que se encontra algures por entre aquela imensidão, porém contém um coração do tamanho do universo. Transborda um sentido de comunidade, de partilha, de convívio, enche-se de uma espiritualidade incrível, abarca todos os que pretendem fazer parte desta maravilhosa colectividade.
Tal grandiosidade, tal carinho e ternura que ele nos oferece, merecem ser homenageados e, para tal, nada melhor do que iniciar essa homenagem contando a sua história cheia de altos e baixos, repleta de lutas e vitórias, mergulhada na persistência e na coragem e onde a palavra desistência não tem lugar. A sua história magnificente merece toda a grandiosidade e sabedoria dos contos antigos e épicos, por isso, iniciar esta narração à maneira antiga demonstra ser a melhor solução.

Era uma vez um edifício, nascido em Outubro de 1960, fruto da preocupação pelo zelo pastoral do então pároco de Fátima Manuel António Henriques, levando-o a iniciar o ensino do primeiro ano liceal a quatro alunos e a admissão ao liceu de outros nove alunos. No ano lectivo 1961/1962, estavam inscritos 17 alunos no primeiro ano, 3 no segundo e 10 na admissão.
Nasceu no denominado “Prédio de Santarém”, situado próximo da Igreja Paroquial, que não possuía as condições mínimas necessárias para o ensino de carácter particular e individual e que não se encontrava legalizado, sendo considerado clandestino. Devido a tal situação, o Padre Manuel encontrava-se num dilema: ou recorria ao encerramento deste tipo de ensino, o que prejudicaria os alunos que o aceitaram e iria finalizar com as expectativas iniciais, ou teria de legalizá-lo.
No entanto, o edifício não possuía as condições necessárias para poder ser legalizado, terminando este ano lectivo num impasse, sem uma solução para este problema.
Numa tentativa de solucionar esta dificuldade, o pároco recorre ao Bispo de Leiria - Fátima D. João Pereira Venâncio que, em Outubro de 1962, demonstrando uma enorme coragem e determinação, afirma que não se deve voltar atrás na decisão de formar um novo ensino que começava a ter mais alunos interessados e, simultaneamente, decide, através do seu coração de pastor, optar por um caminho ainda mais arrojado, onde encontraria diversos obstáculos e teria de defrontar diversas batalhas, vencendo-as, criando um grande Colégio que fosse “um monumento vivo ao Arcanjo São Miguel”, sendo esta uma forma de o homenagear e glorificar.
Seguidamente, encarrega o Pároco de Fátima de obter a autorização do Ministério da Educação para que o ensino não fosse interrompido, oferecendo-lhe umas instalações provisórias no antigo Seminário Diocesano, na Cova da Iria, até que se construísse o novo e melhorado Colégio.
Assim, o edifício sem nome torna-se numa bela esperança, num magnífico sonho que se deseja concretizar acima de tudo, renascendo com o início do Concílio Vaticano II. Dele dimana, como dinâmica pastoral, um espaço privilegiado de educação cristã.
Este edifício sem nome, que passa de uma mera tentativa de criar um ensino para um mundo de sonho e esperança, adquire o nome inicial de Externato Paroquial de Fátima e tinha como finalidade tornar possível à população rural da freguesia, de nível económico muito modesto, uma habilitação secundária que, de outro modo, estava vedada à grande maioria.
Apesar da grandiosidade de toda a expectativa que o rodeava, nasceu pobre, num edifício adaptado e alugado que ficava aquém do que se imaginara, sendo os prejuízos necessários à sua sustentação suportados pela Diocese, na medida em que as mensalidades cobradas eram baixas, não permitindo cobrir as despesas mínimas.
Contudo, a existência do Externato foi criando uma nova mentalidade entre os pais, aumentando progressivamente a população escolar.
É a partir deste momento que se avista o início da grande e dolorosa caminhada do Colégio.
D. João Pereira Venâncio, tendo em vista a concretização do seu sonho de criar um novo e melhorado Colégio, diferente de qualquer outro, confia ao Padre Joaquim Rodrigues Ventura a tarefa de dirigir este colégio e encarrega-o de proceder à compra dos terrenos necessários, à elaboração do respectivo ante-projecto e do projecto definitivo e de dar assistência ao projecto arquitectónico para a nova habitação desse edifício não mais deixado no esquecimento, não permitindo que ele regressasse aos dias em que era apenas uma construção sem nome. Para tal, enviou o Padre Ventura para Paris, de modo a fazer a sua preparação específica, em Ciências da Educação, para a missão que acabava de lhe confiar.
No ano lectivo de 1962/1963, o colégio continuava a crescer, tendo já um total de 29 alunos e em Dezembro de 1963, o ante-projecto é aprovado pelo Ministério da Educação. Até 1966, compraram-se os terrenos e desenvolveu-se todo o projecto arquitectónico da autoria dos arquitectos José de Almada Negreiros e Pedro Ferreira Pinto.
Em 1966, o projecto final é aprovado pelo Ministério e o colégio adquire oficialmente o seu derradeiro nome que reflecte a fonte de inspiração para a sua criação, o Arcanjo São Miguel, o Anjo de Portugal que, na loca do Cabeço, pareceu aos pastorinhos e o desejo do Bispo de torná-lo um monumento vivo a este Arcanjo, passando a ser designado por Colégio de São Miguel. Em Outubro do mesmo ano, o Padre Ventura assume em plenitude as suas funções de director do estabelecimento, que tinham sido confiadas ao Pároco de Fátima, durante a sua ausência. Por esta altura, a população escolar era de 84 alunos.
A partir desta data, avolumam-se as primeiras dificuldades traduzidas pelas esferas de decisão da Diocese, na oposição à construção do novo colégio. O seu projecto arquitectónico bem como as suas ideias educativas eram considerados impróprios, sendo refutados. Entretanto, o referido projecto é apresentado como tese de doutoramento do arquitecto Ferreira Pinto, obtendo a classificação de 20 valores. Porém, apesar de tal facto, a Diocese continuava a não disponibilizar as verbas necessárias para o início da construção, levando o Bispo de Leiria à Alemanha para, junto de amigos, conseguir o dinheiro indispensável.
Em 1968/1969, o Colégio ainda permanecia no antigo Seminário Diocesano, em instalações degradadas, mas já apresentava um total de 133 alunos, sendo a muitos outros negada a matrícula por falta de condições para abarcar mais interessados.
Finalmente, após uma longa batalha, em 1970, o Colégio conquista uma vitória cujo valor é incalculável. A Diocese autoriza a construção do edifício onde actualmente o colégio se situa. Em Junho do mesmo ano, é lançada a primeira pedra do novo e renascido colégio.
A 16 de Outubro de 1972, verifica-se um novo fenómeno de extrema importância, um novo marco na história deste colégio, iniciam-se as aulas no novo edifício, começando uma nova etapa de consolidação e promoção pedagógica.
A entrada deste colégio na adolescência foi muito perturbada e conflituosa, entrando num período de grande turbulência com a mudança do regime político em Abril de 1974. Devido ao facto de ser uma referência no panorama do Ensino Particular, mais propriamente no ensino da Igreja, os revolucionários de 1974 queriam liquidar o colégio, sendo este alvo de um processo disciplinar de duas mil e vinte páginas.
O Padre Joaquim Ventura e mais alguns colaboradores nunca abandonaram o colégio, auxiliando-o na luta contra este atentado à sua existência e toda a persistência e coragem demonstrada permitiram que se fizesse justiça, salvando, assim, a vida do colégio.
Este é um colégio que nunca se conformou com as práticas tradicionais, querendo sempre ir mais além, descobrindo novos horizontes. Introduziu o ensino personalizado e criou novos programas como o da “sensibilização à escultura” e o da “introdução à informática”. Construíram-se estátuas do Arcanjo de São Miguel e de D. João Pereira Venâncio, parques de estacionamento e um novo acesso à entrada do colégio. Deu-se uma nova vida aos jardins, criando-se um espaço das Azinheiras, um dos Pinheiros, outro dos Carvalhos e outro das Oliveiras e um jardim dos lagos.
As diversas manifestações culturais promovidas também contribuem para tornar este colégio único, sem igual. De entre elas destacam-se as APPA, Associação de Pais, Associação dos Antigos, Associação Fátima Cultural, Semanas culturais, grandes Exposições de Arte, Tardes Culturais, Cursos de Formação Profissional, Jornadas, Congressos, Caminhadas, Celebrações, Cursos Tecnológicos com planos próprios, Galeria de Arte Sacra Contemporânea e clubes.
No entanto, não se deixou ficar por aqui. O colégio, como corpo vivo, não pára e não pode parar de crescer, não só por imperativo do elemento humano que o forma, mas também por necessidade de resposta aos novos tempos e desafios que são postos ao Homem e à ciência.
Após o início das actividades lectivas, é inaugurado, em 1980, o Pavilhão Gimno-desportivo, como resposta concreta à educação do Homem completo. Em 1985 são construídas mais sete salas de aula para responder à reintrodução dos cursos do ensino secundário, entretanto extinto, porque o estado não admitia a sua gratuitidade.
No ano de 1990, é inaugurado pelo ministro da Educação, Engenheiro Roberto Carneiro, um novo bloco de nove salas de aula destinadas aos alunos do 2º ciclo, devido à vontade de diversos pais que, ano após ano, escolhiam esta escola e o seu projecto para a educação dos seus filhos.
Em 1997, é instaurado mais um complexo de salas de aula e oficinas paras as diversas modalidades artísticas do curso tecnológico de Design, Cerâmica e Escultura, é inaugurada uma piscina coberta semi-olímpica, concretizando um velho sonho que vinha desde o início deste Colégio, a qual vai permitir uma mais-valia na ligação da escola com o meio e é implantado um novo Centro de Documentação Multimédia em espaço aprazível e adequado às necessidades pedagógicas e culturais de alunos e professores.
Em 1999, é instaurado um novo bloco com uma sala de alunos e oito alas de aula, sendo duas delas destinadas ao ensino da informática e em 2001 é inaugurado um novo espaço destinado ao bar e convívio da comunidade escolar.
No ano de 2003, são implantados dois novos laboratórios (Física e Química e Ciências Naturais).
Em 2004 e 2005, procedeu-se a uma adaptação das instalações para permitir o acesso de pessoas com deficiência aos vários espaços do colégio (rampas, elevadores, entre outros). E, no dia 6 de Fevereiro de 2006, são inaugurados os novos balneários, instalações sanitárias e um novo espaço Polidesportivo.
Actualmente, o colégio, que se iniciou com pouco mais de 20 alunos, abarca mais de 1300 alunos e centenas de docentes e funcionários, o que reflecte o espantoso crescimento deste edifício que nasceu pobre e se tornou rico em espírito e comunhão, resultado de todo o carinho e amor que recebeu e da aceitação de milhares de pessoas que com ele passaram a sua adolescência, tornando-se homens e mulheres mais responsáveis e prontos para uma nova etapa da vida com muitos outros obstáculos pela frente.
De modo a oferecer aos alunos e a toda a comunidade escolar as melhores condições possíveis e com a finalidade de tornar a vida escolar mais cheia de alegria, vivida em comunhão, na partilha e no convívio e com todos os valores transmitidos pelo catolicismo, o colégio continuará sempre em constante renovação e melhoramento.
Por outro lado, a sua luta pela liberdade é constante. A todos os momentos, ele encontra-se a lutar contra tudo e todos aqueles que o querem ver destruído e deixado no esquecimento e continua a resistir a todos os atentados que sofre e que têm um tiro certeiro no coração do colégio.

Este Colégio, merecedor de toda a glorificação que se pode transmitir, é um herói persistente e corajoso que superou com distinção todas as lutas que defrontou e que continua a demonstrar toda a sua força, passados 50 anos. Permanecerá eternamente nas nossas memórias, sem lugar para o esquecimento, relembrando-nos de todos os bons momentos que passámos na sua companhia e dando-nos força e inspiração para superarmos as dificuldades que encontraremos ao longo da nossa caminhada, nunca desistindo, tal como ele nunca desistiu.

Informações retiradas de:
  • http://www.csmiguel.pt/web/index.php?option=com_content&view=article&id=84&Itemid=90
  • http://www.csmiguel.pt/web/index.php?option=com_content&view=article&id=85&Itemid=91

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